segunda-feira, janeiro 30, 2012

Festa de Congo de Piabas - 2012

A comunidade de Piabas realizou nos dias 07 e 08 de janeiro os tradicionais festejos de São Benedito e São Sebastião. Este ano a banda teve mais um motivo para festejar estreou os novos adereços, indumentárias e instrumentos, adquiridos por meio do Prêmio 019/2011 – Seleção de Projetos Culturais e Concessão de Prêmio Incentivo denominado “Prêmio Renato Pacheco” a Grupos Folclóricos Radicados no Estado de Espírito Santo. A Banda de Piabas/Irundi enfrentava dificuldades com a escassez de instrumentos e indumentárias, com a contemplação foi possível a integração de quatro novas Rainhas Mirins na Banda e novos Congueiros, que tocavam nas festas anteriores quando alguém revezava com o instrumento. O Presidente da Banda, Hipólito Monfardini Neto, tem realizado no primeiro domingo do mês, após a celebração dominical, uma oficina para ensinar a tocar casaca e tambor. Todo este processo é caracterizado como educação não-formal, que a socióloga Maria da Glória Gohn (2003), conceitua como uma área do conhecimento de aprendizagens e saberes presentes em ações da sociedade civil. Tal processo tem resultado na perpetuação da Banda, com mais de 60 anos, e que vem passando as tradições de geração em geração, com a resignificação da história da Banda dentro da comunidade pelos novos integrantes que tem uma relação de pertencimento ao grupo.
È preciso destacar um outro momento pedagógico na comunidade, os instrumentos assim como o barco receberam uma arte específica com técnica de tie dye em temáticas da natureza e símbolos religiosos locais, desenvolvida pela artista visual Ana Lúcia Gonçalves, que realizou uma oficina de pintura em parceria com o Programa Entre Comunidades.

A Roubada do Mastro ocorreu no sábado na residência de um dos membros da comunidade, que, como de costume, oferece um farto lanche para os congueiros. Esta partilha é para lembrar e homenagear São Benedito, descendente de escravos, nascido na Itália, era cozinheiro explica Neto. Esta afirmação confirma que toda ação dentro da manifestação do Congo é simbólica.
Ainda na Roubada do Mastro a Banda parou por alguns momentos para uma conversa de conscientização da simbologia dos objetos no Congo. O Presidente da Banda, que neste dia substituía Mestre Bino, o capitão oficial da Banda, explicou que papel desempenhado pelo Mestre representa o capitão do mato, o chicote, um bastão enfeitado de fitas, e o apito utilizado para puxar a banda reproduzem o controle dos escravos.

No domingo, o evento foi marcado pelo sincretismo religioso, foi realizada a primeira missa afro celebrada pelo Padre Leandro Siqueira, da Paróquia São Marcos, Ibiraçu, que trouxe a Banda de Congo São Cristovão do município, para fazer parte da celebração. Após a missa, os participantes seguiram o cortejo das Bandas e compartilharam da fincada do mastro. Neste dia, quem apitou o Congo foi Mestre Aroldo, Capitão da Banda de Timbuí/Fundão, com a presença das Bandas de Congo São Pedro, da Comunidade Quilombola de São Pedro /Ibiraçu, das Bandas de Fundão, Timbuí e Ibiraçu.
Vídeo: Juliana Casotto Pirchiner


Referências:

Acessado em 18/01/2012 http://anjodapuresa.blogspot.com/2009/12/historia-de-sao-benedito.html#!/2009/12/historia-de-sao-benedito.html

GOHN, MARIA DA GLÓRIA. Educação não formal e o educador social: atuação no desenvolvimento de projetos sociais. São Paulo: Cortez, 2010. (Coleções questões da nossa época; v. 1).

Texto: Juliana Casotto Pirchiner

Revisão textual: Marlene Martins de Oliveira

Fotos: Marlene Martins de Oliveira

Juliana Casotto Pirchiner












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